Brasileiros buscam redes sociais para aprender idiomas online
11/12/2013 10:57
Que os brasileiros são figuras carimbadas em redes sociais não é novidade. Mas nós também estamos em grande número quando o assunto são as redes sociais de ensino de idiomas. São mais de 3,5 milhões de nativos brasileiros cadastrados na rede social Busuu, o maior grupo, e 2 milhões no Livemocha (segundo dados de 2012), também a maioria. Em outra grande rede social de ensino de línguas, a Italki, o Brasil não é maioria, mas soma 75 mil usuários, de um total de 1,5 milhão.
Segundo essas empresas, o que atrai alunos é a praticidade, flexibilidade e o preço acessível do ensino. Mas, para Vera Menezes, professora titular da UFMG e estudiosa do uso da tecnologia no ensino de línguas, ainda há pouca inovação no conteúdo dessas redes e no ensino online de idiomas em geral.
`As tecnologias nos oferecem possibilidades bastante avançadas, mas infelizmente, a maioria dos cursos online ainda usa metodologia de ensino antiquada e apenas levam para a tela o que temos de ruim no papel`, diz a especialista.
Os exercícios, por exemplo, são geralmente cópias dos formatos encontrados em livros. `Os cursos online que eu conheço fazem uso de material textual muito semelhante ao encontrado em livros. O que muda é a forma de apresentação. Muitas vezes vemos atividades idênticas às de livros impressos com outra `embalagem`. Por exemplo, em vez de fazer um X nas alternativas no livro, o aprendiz clica em caixinhas`.
Como funciona
Hoje, Livemocha, Busuu, Italki e Lang-8 são as principais redes sociais de ensino de idiomas. Criadas em meados dos anos 2000, têm funcionamento parecido: um usuário se cadastra gratuitamente no site e pode ensinar seu idioma nativo a outro usuário que deseja aprendê-lo, e assim por diante. Se preferir, pode optar por ter aulas com professor profissional, que custam, em média, entre US$ 5 e US$ 30. O acesso gratuito dá direito a uma quantidade limitada de conteúdo, que inclui material didático, acesso a chats e troca de vídeos e textos com nativos.
Para um conteúdo maior, o usuário deve assinar um pacote pago. No entanto, para quem valoriza certificados, as redes citadas só concede diploma a quem cursar módulos pagos.
No caso dos brasileiros, o cofundador e diretor-executivo do Busuu, Bernhard Niesner credita o sucesso da rede a `uma oferta equilibrada entre aprendizagem de conteúdo, comunidades e recursos, o que usuário brasileiro está procurando`. O acesso fácil a um ensino rápido é outro diferencial, afirma. `Com dois eventos esportivos a caminho, as pessoas sabem que falar bem inglês pode ser um diferencial`, completa Niesner.
Curso em casa exige motivação
Era esse ensino rápido e prático que a paulista Bárbara Fontes, 27, tinha em mente. Recém-formada em hotelaria e turismo, ela queria reforçar o inglês aprendido em uma escola tradicional durante a adolescência.
`Já fazia aulas de conversação em uma escola dedicada a isso, mas daí alguns amigos comentaram do Busuu e do Livemocha. Optei pelo Busuu. A vantagem é claro, é poder fazer de casa, mas, além disso, interagir e ter uma conversação que é natural e te obriga a treinar bem uma linguagem mais do dia a dia`, diz ela.
O administrador curitibano Leonardo Santos, 29, usa a rede Livemocha desde 2011, entre idas e vindas. Começou tentando aprender alemão, idioma do qual já tinha algum conhecimento. Mas as aulas não atenderam às suas expectativas.
`Essas redes trabalham com muita repetição, e isso com o tempo se torna cansativo. Então interrompi o curso quando vi que teria uns 5.000 exercícios de repetição para fazer e pouca teoria gramatical. Fiquei um tempo parado e retomei no início deste ano. Houve uma melhora, mas se não houver motivação e um bom nativo do outro lado te ajudando, é fácil desistir`, diz ele.
Fonte: Deocélia/UOL Educação